As bênçãos do Universo e da Montanha

O universo sempre conspirou a meu favor…

Em 2018, já na casa nova e com a família adaptada, nos preparávamos para receber visitas. Enquanto eu decorava o cantinho para os hóspedes, me dei conta de uma incrível coincidência: tanto a cortina quanto o chaveiro eram lembranças do Peru, que ganhei de pessoas muito amadas. Então pensei: quando será que vou conhecer Machu Picchu, esse lugar mágico? Uma tentativa frustrada já havia ocorrido antes, mas certamente porque algo melhor surgiria.

Meses depois, o amigo Gianini comentou que estava escrevendo um livro sobre Machu Picchu e que estava convidando algumas pessoas mais próximas para uma viagem ao Peru no ano seguinte. Meus olhos brilharam, o coração acelerou e as mãos suaram; esse era o sinal de que eu ia conseguir realizar o meu sonho dessa vez! Imediatamente tratei de abrir espaço na minha agenda e iniciei os preparativos para a viagem.

No final de 2018 já estava definida a data para a viagem a Cusco e Machu Picchu: seria em setembro de 2019, e minha vida já estava organizada para embarcar nessa jornada. Ao longo dos nove meses seguintes me preparei fisicamente para lidar com a complexidade dessa trilha pela Cordilheira dos Andes. Ciente das minhas limitações, eu sabia que precisaria exercitar muito meu corpo e minha mente para enfrentar os desafios extremos, pois certamente encontraria meus limites, numa área remota onde o maior e primeiro socorro seria eu mesma.

Ao chegar a Cusco – o umbigo do mundo – encontrei meu amigo e o grupo fraterno que nos acolheu maravilhosamente. Fizemos alguns passeios juntos, porém logo nos separamos, pois desde sempre a Trilha Inka estava na minha programação. Um detalhe importante: me adaptei muito bem à altitude do lugar (3399m acima do nível do mar) durante os cinco dias em que estive em Cusco, porém descobri logo no primeiro dia que não podia subir correndo a escada do hotel sem sentir tonturas. E uma curiosidade: as dores que sinto há anos em meu ombro direito desapareceram quando cheguei a Cusco. É realmente um lugar mágico!

Um guia me encontrou no hotel para ajustarmos detalhes sobre a trilha e para a entrega de equipamentos. No dia seguinte às 4h30 da manhã comecei a minha ousada aventura de trekking. Foi um desafio de tirar o fôlego  ao longo dos 42 km da caminhada, cheia de variações de altitude e de uma complexidade gradativa ao longo dos 4 dias em que estive atravessando as montanhas do Vale Sagrado até chegar à bela Machu Picchu.

A água da montanha sempre esteve presente, fluindo ao meu lado em direção ao seu grande destino – o rio – me inspirando a me libertar, a contornar com flexibilidade os desafios e a fluir. A rotina de acordar cedinho com o guia deixando o chá de coca na porta da barraca de camping era parte do ritual diário. As estruturas de banheiro eram precárias por quase todo o trajeto, exceto no primeiro dia, quando tomar banho quente foi um “luxo” possível.

Meu pequeno grupo era composto por duas belgas, dois guias peruanos e eu. Todos falávamos inglês e eventualmente espanhol. Além dos dois guias, contamos com uma equipe de carregadores cheios de força e disposição e que conhecem muito bem a região. Cada um tinha a sua função, e todos se esforçavam em nos proporcionar o maior conforto possível. Quase sempre eles estavam à nossa frente, carregando nossas mochilas, montando nossas barracas de camping e a estrutura da cozinha improvisada, preparando as refeições deliciosas e desmontando tudo para a próxima etapa.

Sem dúvida essa foi uma intensa viagem de purificação, de superação e de transformação constante. Cada dia era uma emoção e um grande aprendizado, um verdadeiro exercício de tolerância com meus próprios limites, com muita humildade em “aprender a andar de forma diferente” em todos os sentidos. Respirar profundamente e saber respeitar os sinais e limites do meu corpo foram a solução que encontrei para me deixar fluir. Mesmo com dificuldades, alguns elementos me jogavam para a frente: a fé, a força para persistir – mesmo que devagar – e o foco na realização desse sonho. As construções, as histórias e a beleza natural da região serviram como verdadeiros combustíveis, oferecendo a “desculpa perfeita” para pausas nas subidas, que me ajudavam a recuperar as energias, necessárias para seguir em frente.

Gratidão Pacha Mama, Gianini e a todos que de alguma forma contribuíram para que eu pudesse viver esse momento tão importante em minha vida!

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Jana Carvalho

Peregrina do Caminho de Santiago de Compostela e observadora de aves , cultiva a atenção ao detalhe e a paixão pela natureza. É turismóloga de formação e aventureira de coração!

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